Minha História Verdadeira

 

Um pouco da minha história 

 

Para começar, sou descendente de italianos, meus ancestrais chegaram ao Brasil por volta de 1890-1896, vieram em dois irmãos, e como já tem outros lugares que falam sobre isso (Família Ometto) basta procurar na internet que encontrará. Meu tataravô paterno se chamava Gerolamo Ometto, e meu bisavô Marcos Ometto, meu avô Jerônimo Ometto e meu pai José Renato Ometto, do lado de minha mãe, lembro mais de minha avó, que se chamava Antônia e eu tinha um carinho especial por ela, gostava muito de visita-la. Por parte de pai, minha Bisavó materna se chamava Rosalina e minha avó Leonor Ferraz de Campos. Quanto a minha mãe, Nilda Mattos Ometto. Sou de uma família de 6 irmãos, sendo um já falecido. 

O motivo de escrever essas linhas é para que meus descendentes possam conhecer um pouco mais da minha vida, podendo contemplar quem de fato fui e sou. Também serve para os meus amigos saberem um pouco mais.

Tive uma infância boa e apesar de simples tenho boas lembranças. Nasci e cresci no bairro Paulista em Piracicaba, na Rua do Café, e ali fiquei até meus 17 anos, mudando depois para Igarapava/SP e voltando apenas um ano depois novamente para Piracicaba. Recordo de boas coisas a partir dos 6 anos de idade, antes disso, confesso que  recordo muito pouco. Minha primeira lembrança ocorre quando eu ainda pequeno fui levado a ver o defunto de meu vizinho, que se chamava Osvaldo(não tenho bem certeza), casado com Dona Helena Muller com quem tiver uma boa amizade até mudar, ainda recordo dela, muito gentil e foi a primeira pessoa em minha memória a me chamar de "gordo", apelido que carrego até hoje entre meus familiares, ainda que quando jovem sempre fui muito magro, e disso falarei mais adiante.

Como garoto, corri pelas ruas, pois naquele tempo isso era normal, e o medo era muito mais de assombração que de bandido, rua era o lugar de jogar bola, brincar de chuta lata, esconde esconde, pega pega e muito mais. Só voltava para casa quando escurecia ou mamãe chamava para algum compromisso. Na escola que estudei, João Conceição, desde o pré até 8 série naquele tempo, ia caminhando e usar uniforme era obrigado, lembro de muitas façanhas desde o pré, como por exemplo quando fui colocado de castigo dentro da lata de lixo no canto da sala de aula, pois ficava jogando papel em meu primo que estudava comigo, e a professora era sua mãe e então minha tia, irmã de minha mãe, tia Hilda ou Zir, como é chamada as vezes carinhosamente. Entre essa e muitas outras façanhas, vou escrevendo como lembro, talvez não cronologicamente correto, pois o tempo passou e as vezes não temos bem certeza do momento exato. 

De fato nunca fui o melhor aluno e aprontei bastante. Lembro de um outro episódio que me marcou, pois era época de futebol, copa do mundo, e como garoto gostava muito de assistir jogos, estava sempre presente no campo do XV de novembro acompanhando jogos, mas isso conto mais adiante. Bem, era época de junho, festas juninas e assim, muita bombinha, trac, rojão, entre outros. Pegamos a cadeira da professora e colocamos abaixo dos 4 pés, alguns tracs(também conhecido por estalinho), e adivinha o que aconteceu quando ela sentou, deu um pulo pois estourou os tracs e todos caíram na risada, final da brincadeira, suspensão de uma semana devido a arte. Mas assisti todos os jogos da semana e depois me gabava por isso com os colegas, enfim, de santo não tinha nada.  

Outra arte que é viva em minha memória e quando fizemos um trabalho e depois nossa equipe discutiu e no final da confusão colocamos fogo no trabalho em plena sala de aula, nem preciso dizer o que aconteceu, além do "zero", suspensão a todos os envolvidos.

Lembro de alguns professores, entre eles seu Cândido, que depois virou diretor, entre os funcionários lembro de seu Palmiro, exemplo de pessoa, sempre pronto a ajudar. O bar na frente da escola sempre está em minha memória, onde comprava doces e balas e deixava o pouco de dinheiro que ganhava. 

Entre meus 6 e 14 anos que passei nessa escola, me tornei jovem, e entre as coisas de jovem, também tive a época de impressionar, colocar cigarro na orelha para dizer que fumava, contava vantagem para aparecer, mas na verdade nunca fui o galã da escola muito pelo contrário, sempre fui o "patinho feio", magro, cabelo liso e chorão. Mas lembro bem do meu primeiro romance, aquele de pegar na mão e viajar no pensamento, durou pouco, pois eu era tímido, mas levei aquilo em meu coração por alguns anos. 

Lembro também de um aniversário que queriam quebrar ovos em minha cabeça, inventei uma tal "dor no meu ossinho nas costas" e chorava deitado no chão para não levar os ovos, quando todos foram embora, levantei e corri para casa. 

Tinha o nosso campo de futebol de uma trave só, perto da escola, na casa de um colega, ali era jogo de duplas e erámos os heróis da época, sonhando estar num verdadeiro estádio de futebol. Tempo bom, boas recordações, que não voltam mais.

Também nessa fase, meu pai tinha um Kombi, e a festa era ir na Praia Grande/SP, descer a serra e ficar parado para atravessar a ponte, era uma fila lascada, as vezes demorava muitas horas para atravessar, mas o bom era que tinha a queijadinha que o pessoal vendia e era delicioso comer. Sempre íamos de feriado, aproveitando algum final de semana especial. 

Outro momento inesquecível era ir no Sítio do Tio Paulo e Tia Zezé, o coisa boa, com chuva encalhava sempre e vamos descer empurrar, as vezes caia ponte e para voltar era um malabarismo por estradas de terra que vinha da Anhumas, tempo bom aquele, sem compromisso, sem responsabilidade, sem contas para pagar. 

Em por falar em pagar, ia toda semana, seja de quarta, seja de domingo, assistir os jogos do XV, minha paixão, ficava do lado de algum adulto e ia entrando, como se estivéssemos juntos, assim não precisa pagar. Lembro de ver de perto, Santos, Palmeiras, Santa Cruz, Grêmio, Corintians, São Paulo, Portuguesa, Flamengo e muitos outros clubes, como era gostoso gritar na arquibancada e ajudar o time. Sempre conseguia um dinheirinho para o sorvete, ou a paçoca que era uma delícia e me da água na boca só de lembrar.

Tempo que vai passando e não volta mais. 

Gostava de viajar com meus pais de perua Kombi, nossa viagem importante era Praia Grande no litoral da baixada. Me lembro do tempo que só existia o caminho da ponte pênsil para chegar lá, e era horas e horas na fila. O bom era poder comprar queijadinha e outras guloseimas que as mulheres vendiam, tempo bom, pois não havia assalto e a viagem era uma festa. Quando tinha feriado prolongado, sempre tinha uma viagem. Outro local que ia bastante com meus pais era Pirapora/SP, esses dias passei por perto e me trouxe boas recordações, e para falar a verdade as coisas boas da vida, são as recordações no coração, por isso te incentivo a viver em paz e com momentos que fiquem gravados no coração. 

E o tempo foi passando, chegou os 14 anos, e a primeira formatura de fato, digo isso, pois teve aquela formatura do prézinho, que na época fazíamos,  hoje penso que não tem mais. Dessa formatura de 1º grau como era chamada, tenha até fotos, e lembro bem do momento de pegar o diploma. Como se fosse gente adulta, mas na verdade era um jovem tímido, cheio de dificuldades. 

Futebol era o esporte principal, mas me aventurei no volei e no futebol de quadra, jogo de rua então, nem se fale, tantas coisas que o coração bate mais forte e as lagrimas querem correr, hoje as vezes penso, como a vida passou, as pessoas pouco tempo tem para se divertir, é quase todo o tempo virtual. 

Lembro da época do futebol de campinho,  eu morava na avenida do Café, e o campinho ficava umas ruas dali, mas a gente limpava o terreno, fazia as traves, passava cal, e jogava até escurecer. A bola não parava porque o campo era caído para um dos lados, mas o que interessava é que era nosso, e ali o futebol ocorria por horas e horas, se estudava pela manhã, era futebol a tarde, se estudava a tarde, era futebol pela manhã, sábado então, acordava cedo e lá pelas 8 já estava lá na beira do gramado, gramado bem não era, podemos dizer que tinha uns capins e afins. Bom era jogar contra outra rua, mas as vezes o pau quebrava e sai de baixo, nem vou contar o que ocorria, mas vocês podem imaginar. Também tinha os momentos de brincar na frente de casa, pega pega, polícia-ladrão, chuta lata, mãe da rua, pula cela, passa anel e muito mais, mas como tudo na vida vai seguindo, logo chegou a época de estudar longe de casa, e fazer novos amigos e deixar para trás tudo isso. 

Primeiro fui estudar no Piracicabano, mas não me dei bem, e acabei reprovado. Então fui na escola industrial de Piracicaba, hoje conhecida como ETEC, e posso dizer que foi um tempo bom, com boas recordações que vou compartilhar com vocês.

Antes de avançar para meus 14, 15 anos, quero deixar aqui algo que chamo de:

"O nascimento de uma paixão"

O ano que corria era 1978, e como já contei sempre gostei de futebol e de ir ao estádio ver o XV de Piracicaba, e em 1976, o Xvnzão chegou as finais contra o Palmeiras, mas acabou vencido e ficou com o vice paulista, mas antes preciso informar você que lê essas linhas que nesse tempo, o campeonato estadual, ou seja, o "Paulista" ou "Paulistão", era muito importante, e posso dizer que era melhor ganhar o estadual acima de qualquer conquista. Desde 1974 eu já gostava de ir ao estádio, e além do XVnzão, me chamava atenção a Portuguesa de Desportos, e o Santos, mas algo aconteceu naquele 1978/79. Afinal meus pais, irmãos e muitos amigos, torciam para o São Paulo, não sei se era para ser do contra, ou tem coisas que já estão escritas nas estrelas. No primeiro turno o Corinthians acabou campeão, e lembro de diversos jogos que escutava no rádio, ou era rádio Globo ou Bandeirantes, as que tinham os melhores locutores da época. No segundo turno, acabou campeã a Ponte Preta. Então fomos para o terceiro turno e esse foi emocionante, apenas 10 equipes ficaram para esse momento, enfim Santos e São Paulo foram para a decisão. Primeiro jogo, quarta feira, 20/06/79, 90 mil pessoas no estádio do Morumbi, o rádio falava alto e as pernas começaram a tremer pela primeira vez, Serginho Chulapa aos 18 minutos, abre o placar para o São Paulo, meus amigos em festa, muita gente que eu conhecia pulando de alegria, mas comigo algo estava acontecendo, a paixão pelo Santos estava nascendo, e naquela noite, escutei o narrador gritar gol duas vezes, com Juary e Pita, e o peixão saiu vitorioso. Teríamos o segundo jogo, mas para mim, tudo acabou e começou ali, não era mais questão de ficar campeão, era a certeza de que tinha nascido algo e daquele momento em diante, passei a vibrar em cada vitória e muitas vezes a ficar triste na derrota, confesso que tive que aprender a administrar a paixão, pois ela não podia atrapalhar a minha vida. Ficamos campeões de fato, mas como disse, naquele momento o que realmente marcou, foi o que nasceu no meu coração. Não sei dizer como nasce uma paixão, ou um gosto, ou um amor, mas posso dizer que quando nasce, segue a vida da gente para sempre.  

 Uma nova etapa começa na minha vida.

Estudar em colégio vespertino, com o propósito de aprender uma profissão, e escolhi estudar no Piracicabano, e fazer o curso de eletrônica, não deu muito certo. No segundo semestre desisti, então não tenho muitas lembranças dessa época.

Nesse interim, meus pais se mudaram para Igarapava/SP, e as lembranças são um pouco triste, mas como sempre existem momentos bons, e alguns deles me lembro bem. Formei vários amigos, usava calça rasgada e olha que nem moda era, kkkk, meu cinto era uma corda, creio que era um jovem que queria chamar a atenção, então usava isso como artimanha, enfim. Ali conheci a minha primeira namorada de verdade, de ir na casa e tudo, mas durou pouco, uns 4 meses talvez, eu não tinha aptidão para ficar preso ainda. 

Como não rolava futebol de campo me aventurei no salão, e não é que deu certo, enquanto estive ali joguei no time do "Carrapato", e ficamos campeões da cidade e ganhamos vários jogos no inter-cidades. Jogava de goleiro, até que chegou um cara de São Paulo capital, e acabei sendo substituído. Mas não deu tempo nem de começar a tentar fazer gol, e voltei com a família para Piracicaba.

Esse tempo foi complicado em Igarapava, tivemos problemas familiares graves, e não gosto muito de trazer isso de volta, mas creio que algumas coisas é importante pontuar, para que sirva de exemplo para meus descendentes não praticarem. Para mim, ver meu pai fazer a minha mãe sofrer foi uma lição, pois coloquei no meu coração, que eu, enquanto em sã consciência, iria amar e cuidar da minha esposa, e jamais deixaria faltar algo em casa. Saber que meu pai era namorador e abandonava o lar atrás de um rabo de saia, me mostrou claro que o casamento teria que ser de fato por alguém que eu amasse e tivesse certeza que seria para sempre. Aprendi com meu pai o que a Bíblia ensina, que a mulher prostituta, ou amante, acaba com tudo, empobrece e destrói o coração. E que todos os que estão envolvidos, sejam companheiros ou filhos sofrem e carregam muita tristeza na vida, e precisam de fato de cura. Dou graças a Deus que fui curado e hoje isso não me afeta, perdoei meu pai e oro pela sua salvação. Minha mãe, prometi cuidar dela até o fim, e fazer o que puder para trazer dias felizes. Também creio que ela de fato o perdoou e vive ao seu lado com a esperança que um dia ele conheça o evangelho. 

Agora creio que podemos seguir e falar do ensino médio, escola industrial, hoje ETEC.

Tempo bom, muitas oportunidades, erros e acertos. Escolhi estudar mecânica Industrial, pense bem, eu, só que não, mas fui até o último ano.

Foi tempo de amizades profundas, sinceras, paqueras, professores que guardo no coração até hoje e muitas lições para a vida. Nossa turma era muito bacana, a maioria estudava a noite e não trabalhava de dia, então o que fazer? Ir na escola, de manhã, após o almoço e a noite, e assim, formamos amizades em diferentes cursos, desde enfermagem, até eletrotécnica. Participava de tudo, cursos oferecidos, ajudava na escola e treinava com o time de vôlei, que de fato era muito bom. Em um dos anos enquanto cursava, fomos as finais do campeonato municipal do ensino médio, e fomos jogar no colégio Dom Bosco, um colégio particular que tinha um time muito bom, mas não creio que era melhor que o nosso. No dia da final, a escola foi em peso assistir e foi muito vibrante, muito bacana, infelizmente perdemos de virada, e ficamos com o vice campeonato. Nessa época, as sextas feiras, não tinha aula, ou melhor, ninguém da classe entrava, e a rua do Porto era nosso destino, e até professores apareciam por ali, era momento de cantar, tocar violão, e jogar cartas. Claro que teve as paqueras, mas nem vale a pena comentar.

O que gostaria de compartilhar é que nessa época nasceu algumas amizades que duraram por vários anos, só vindo a acabar quando conheci a luz do evangelho, pois não participava mais dessas rodas e os amigos se tornaram distantes. Mas foi um tempo precioso e que valeu a pena, foram quase 6 anos de amizade profunda e sincera com alguns. Entre eles posso destacar dois amigos, Gilson e Pedro. Os guardo no coração até hoje. Foi amizade sincera, sem interesse, onde um ajudava o outro, muitas noites conversando sobre as dificuldades da vida madrugada afora. E aprendi da música "amigo é coisa para se guardar no coração", foram momentos bons, cada um seguiu seu caminho, casamos, tivemos filho e a vida seguiu. 

Nessa época de volta de Igarapava quando eu tinha meus 18/19 anos, até meus 22/23, tenho alguns momentos que vivi especialmente com um primo meu, que carinhosamente chamo de "Dide", saímos juntos, caminhava até altas horas da noite pela cidade de festinha em festinha, era tempo de cuba libre, e dançar na garagem. Mas não pense em mal, foram momentos felizes, sem drogas, sem prostituição, mas com muita música, pensava que a gente tocava, só rindo mesmo, e lá ia os dois metidos a cantar moda de viola, entonava a voz, soltava a garganta e da-lhe modão. Foi durante essa época que comecei a trabalhar, depois de formar na escola Industrial, que tive meu primeiro carro, mas isso conto depois. Os dois bonitos(que de bonito só tinha as roupas, kkkk) frequentavam o Clube Cristóvão Colombo, e se achavam os galãs da novela das 8. Outra parada frequente era a danceteria Crocodillus, onde jorrava confusão. Infelizmente nessa época fui dado ao vinho e algumas paradas foram complicadas, e só mudaram com o evangelho trazendo luz em minha vida. Lembro me de algumas situações bastante inusitadas. 

Certa vez voltei para casa de carona com alguém, pois não me lembrei que estava com o carro, e só me dei conta no outro dia, quando acordei e não vi o carro na garagem. Uma outra oportunidade, guardei o carro na garagem e fui dormir debaixo dele, acordando somente pela manhã, com alguém chamando a minha mãe, para avisar que eu estava ali. Mas entre, indas e vindas, tudo acabou bem, e que tudo isso sirva de lição para os que vem após mim. Talvez alguém diga, pô, não precisa contar essas coisas, mas quero que saibam que fui o que fui e que hoje sou o que sou, graças ao poder do evangelho. 

Na minha juventude também tive a oportunidade de viajar de carona para vários lugares, entre eles alguns gostaria de deixar registrado aqui. 

Para começar quero falar da minha viagem até Ubatuba, jovem, aventureiro e com muita coragem, naquela época viajar assim, não era perigoso e muitos davam carona. Para começar a aventura, eu e um amigo de juventude, chamado Vanderlei, que por acaso, as vezes ainda encontro pelas ruas da cidade, fomos em um posto de combustível que está localizado na avenida Centenário sentido São Paulo, e começamos a perguntar aos caminhoneiros se teria algum que iria em direção a São José dos Campos, não demorou e conseguimos seguir viagem até a Rodovia dos Tamoios, tudo tranquilo, chegamos em Ubatuba para nossos dias de férias, sem gastar um tostão, foi só alegria, mas o perrengue foi para voltar, pois conseguimos chegar até o trevo de Caraguatatuba, e ali no começo da subida da serra, o tempo passou, foram horas e horas, até que alguém que tinha descido e nos viu, depois de algumas horas, voltava para Jundiaí e decidiu para e nos oferecer carona, enfim, de Jundiaí para Piracicaba foi mais tranquilo e chegamos pero das 22 horas de volta. 

A aventura ficou guardada e depois ainda fui até a região da Praia da Juréia, com outro amigo, aproveitamos que seu pai estava trabalhando lá na praia e fomos para ficar com ele. Para descer foi uma loucura, pois conseguimos ir até Sorocaba, e depois até Piedade, nossa próxima carona foi dali até o Ferry-Boat para entrar na Juréia, mas o motorista era maluco beleza, e escutava Raul Seixas e fumava um baseado atrás do outro, mas Deus nos guardou e chegamos lá sãos e salvos. Nos dias ali foi bem divertido, mas como marinheiro de primeira viagem sempre tem enjoo, decidimos encarar uma caminhada beirando a praia até o costão, mas que loucura, a ida foi muito lindo, passamos por diversas casas abandonadas, outras sendo tomadas pelas areias, passamos o cemitério Indigina e logo chegamos a vila. Mas duas coisas ocorreram, o sol estava cada vez mais alto e a maré começou a subir, então muitas vezes, mal tinha espaço para andar. E o sol devagarzinho foi fazendo o seu serviço de queimadura. Chegamos bem, mas a noite o corpo gemia, a pele ardia, e nada de dormir, enfim tivemos que comprar trigo no dia seguinte e tomar banho com trigo e água gelada, por alguns dias. Mas tudo valeu a pena, e não me esqueço da viagem e das belezas naturais que encontrei. Para voltar, a bondade de Deus se fez presente, pois nos dias que ali estava, conheci o dono de uma pousada, que além da pousada tinha uma fabrica de bancas de revista em Santa Barbara d'Oeste, chamada W Sita, e nos convidou para voltar com ele. Foi uma viagem tranquila e confortável. 

Para fechar ainda quero deixar aqui, a viagem que fiz até Itapeva, também de dedo na estrada, essa por sua vez ao lado de uma amigo da época de escola Industrial. Começamos log cedo, eu e Gilson a caminhar da região do cemitério da Saudade até a saída para Tietê, acredito que essa foi a pior de todas, pois atravessamos o dia na carona, tivemos que pedir comida em sítio na estrada e dormir embaixo de árvores, sem falar em comer paçoca e tomar cachaça para matar a fome e aguentar o frio noturno. Mas enfim conseguimos chegar no fim do dia seguinte ao início da jornada. Passamos um final de semana bem legal ali, e na segunda dedo na estrada para voltar, de pedaço em pedaço conseguimos voltar, mas decidi que aquela seria a última aventura desse tipo. E de lá para cá, não teve outra. 

E agora o Tiro de Guerra!

Completei meus 19 anos, de farda, não que eu quisesse, mas sim, porque fui convocado. Fiz parte da turma de 1984 que proporcionou a mudança da sede da Av Dr Paulo de Moraes, para a Rua Anhanguera, onde está até hoje. Estava entre aqueles que foram buscar as novas fardas, e acabei sendo cabo. Meu instrutor era o Sargento Fernandes, e confesso que foi um tempo sem muito proveito e utilidade, pois não desmerecendo ninguém, mas não compreendo a lógica de prestar serviço militar. Sem ter ganho nenhum, e por alguns meses, que no meu ver só atrapalha os que de fato querem estudar e os que querem seguir carreira militar. Mas enfim, fiz, cumpri minhas obrigações e o tempo passou rápido. Lembro de poucas pessoas da época, algumas encontro pelas ruas até hoje, mas a maioria confesso que o nome lembro.

Nesse tempo descobri que eu não era assim, um patinho tão feio, pois as paqueras começaram a aparecer e muitas vezes alguém chegava me dizendo que tinha alguém querendo me conhecer. Ainda iria demorar uns 8 anos para conhecer minha futura  esposa. 

Uma coisa boa que me ocorreu nessa época, é o fato de ser convidado por um vizinho para ser vendedor de porta em porta, e ali comecei minha carreira profissional, não me envergonho desse tempo, pois aprendi a arte de vender e sigo esse caminho até os dias de hoje. Me lembro como se fosse hoje, minhas primeiras vendas, batendo na porta de alguém e simplesmente oferecendo um espelho e um abajur, material feito de gesso, vendido em várias parcelas e que íamos mês a mês para receber, tomava bastante calote, mas o valor agregado no todo valia a pena e no final dava lucro. Depois de um tempo meu vizinho mudou para o sítio, e então ou iria vender sozinho, ou estava desempregado. Como já dominava o assunto, decidi comprar direto do fabricante e fui. Graças a Deus, nos próximos dois anos, consegui ajuntar uma grana e migrei para um pequeno negócio na casa de meus pais. Época de comprar calça, camisa, perfume, e outras coisas no Paraguai, era aquela loucura, pegava o foguetão(ônibus) na sexta feira, amanhecia no Paraguai, passava o dia comprando e no domingo pela manhã estava em casa com as malas cheias. Fiz muitos amigos e até hoje me lembro de muitos deles, inclusive alguns ainda tenho contato. A situação melhorou, mas infelizmente em uma viagem, com dois amigos, fomos confundidos com traficantes, e acabamos presos, em nenhum momento trabalhei com coisas erradas, mas aquela situação me desanimou e decidi deixar de viajar e seguir outro caminho. Mas preciso contar uma coisa muito importante que ocorreu em desses foguetões, entre muitos que viajavam, tinha um cristão(não quero discutir sobre seu caráter ou se agia certo), seu nome era Leonel e sempre me falava do evangelho e me dizia que eu deveria ler a Bíblia, e isso foi durante alguns anos. Após aquele acontecimento onde fiquei 7dias preso, pensei comigo, é isso que vou fazer, vou ler a Bíblia. Confesso que aqueles dias foram terríveis  e creio que os piores que vivi, cheio de vergonha e medo. 

Após a volta a minha casa, comecei a procurar um novo caminho, vendi o carro que eu tinha, um Passat 78, e montei uma loja de roupas. Minha avó Antônia, quantas saudades chega ao meu coração, mãe da minha mãe, e que eu gostava demais de visitar, me presenteou com uma Bíblia, e de fato foi um instrumento na mão de Deus. Comecei a ler a Bíblia sozinho e muitas palavras que já ouvirá anteriormente de meu amigo Leonel, passaram a fazer sentido, até que eu tive um encontro solitário e pessoal com Nosso Senhor Jesus Cristo, confessei meus pecados e nasci de novo. O que tinha que fazer então? Busquei resposta, e no dia 1º de Junho de 1988, fui batizado nas águas do rio Piracicaba, e juntamente comigo minha mãe , que até hoje me acompanha na caminhada do evangelho. 

Continua.