Um pequeno estudo sobre a epístola aos Romanos, escrito originalmente por George Howes.
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Romanos 1: 1 – 17
Paulo, na condição de servo de Jesus Cristo, separado para pregar o evangelho de Deus, saúda os irmãos, os amados de Deus em Roma. Depois, em poucas palavras, declara a extensão de seu interesse por tudo que lhes diz respeito, manifestando ao mesmo tempo o forte desejo que tem de visita-los, a fim de lhes comunicar algum dom espiritual e anunciar o evangelho aos demais habitantes da cidade, que naquele tempo era a grande capital do mundo.
Os versículos 3 e 4 mostram que o evangelho de Deus não diz respeito a nós, e sim ao Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor. Com respeito à Sua humanidade, Ele era da linhagem do rei Davi, de acordo com as antigas profecias. Com respeito à Sua divindade, foi demonstrado, pela ressureição dos mortos, que Ele é o Filho de Deus.
Paulo recebeu a sua comissão para pregar o evangelho diretamente do Cristo glorificado, e o propósito do Senhor nisso era obter obediência da fé entre todas as nações.
Na parte final do texto que estamos considerando e que constitui o prefácio da epístola, o apóstolo volta a falar no evangelho, expondo a razão por que não se envergonha de anuncia-la aos poderosos romanos: o evangelho é o poder de Deus para a salvação do pecador que nele crê, porque nessa salvação está manifestada a justiça de Deus, que se alcança pela fé – justiça de Deus para os homens, não justiça exigida deles, e sim concedida a eles por Deus. Assim, logo no princípio dessa importantíssima epístola, deparamos com o deslumbre brilho da primorosa verdade de que “Deus é por nós”.
Romanos 1: 18 – 3: 20
Nessa seção da carta, o apóstolo ocupa se em mostrar o triste estado pessoal em que se encontra a humanidade – um estado pecaminoso, que deu ocasião ou, melhor dizendo, tornou necessária a manifestação da ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos seres humanos. Essa manifestação, por sua vez, fez necessária para a nossa salvação a manifestação da justiça de Deus, isto é, a justiça que vem de Deus para o bem do ser humano.
Romanos 1: 18
Nesse versículo, vemos que a atitude de Deus para com o pecado está declarada. A ira divina é manifestada contra tudo que se opõe a Deus, e duas coisas são mencionadas de maneira especial: a impiedade e a injustiça praticada por alguns que aparentemente professam a verdade. Deus não pode tolerar o pecado.
Romanos 1: 19 – 32
Nesse trecho, podemos ver a culpa dos gentios – dos ímpios – e como se manifesta a sua impiedade.
Três fatos principais mostram a completa ruina moral do ser humano:
1 – Deus concedeu aos homens, na obra da criação dos céus e da terra, um testemunho perpétuo de Si mesmo, manifestando a eles o Seu eterno poder e a Sua divindade. Alguns, porém, não quiseram reconhecê-Lo, e outros, “tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”, nem deram graças, mas substituíram a glória de Deus incorruptível pela imagem do homem corruptível, etc., pelo que Deus os entregou às suas próprias concupiscências e à imundice, “para desonrarem o seu corpo entre si”.
2 – “Mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura (istoé, a si próprios) do que ao Criador”. O resultado de darem à criatura a honra e o serviço que deveriam prestar a Deus causou a ruína de suas afeições.
3 – Como não lhes pareceu bem guardarem em si o conhecimento de Deus, Ele os abandonou a um sentimento perverso e depravado, e desse modo vemos arruinado pelo pecado o entendimento humano.
Resumindo, temos o ser humano arruinado no que diz respeito ao seu corpo (v.24), às suas afeições (v.26) e ao seu entendimento (v.28).
Assim, nos últimos versículos do primeiro capítulo, achamos o ser humano sem o conhecimento de Deus, capaz de praticar qualquer mal e inteiramente subjugado pelo pecado, a ponto de não só o praticar como também de se regozijar com o pecado dos outros.
Depois de abandonar a Deus, o homem ficou dominado pelo pecado, porém o nosso Deus mostrou-se desejoso de o salvar e de Se tornar conhecido dele, por Sua justiça e amor, e assim atrair para Si o coração humano. Benditas novas são essas, bendito evangelho.
Romanos 2: 1 – 16
Aqui o apóstolo faz menção dos que se imaginam capazes de julgar os atos dos outros, esquecendo se de que Deus é quem há de julgar “os segredos dos homens”. Deus, todavia, não Se apraz em julgar o ser humano, antes procura, por Sua bondade, leva-los ao arrependimento. Vemos que tanto esses homens quanto aqueles mencionados no capítulo anterior são, na verdade, inescusáveis, porquanto tendo luz, pelo menos a luz da própria consciência, ocupam se em julgar o semelhante, recusando-se a tomar o lugar que lhes compete, isto é, o dos condenados e dos arrependidos perante Deus.
Romanos 2: 17 – 3: 8
Temos agora perante nós o caso do judeu, o homem mais privilegiado de todos, porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus. Mas então será ele melhor que os outros? De modo algum, porque, sabendo a vontade de Deus, gloriando se em seus privilégios e tendo a tarefa de instruir os outros, ele mesmo desonrou a Deus pela transgressão de Sua lei, e até por causa dele o nome de Deus foi blasfemado entro os gentios. A condição do judeu era vantajosa, havendo na aparência muita diferença entre ele e o gentio. Na questão de justificação perante Deus, porem, faz a diferença não o que se pode ver, mas o que existe no coração. Nesse caso o judeu era tão culpado quanto os outros, sendo condenado pela mesma lei de que se gloriava.
Romanos 3: 9 – 20
Na conclusão desse testemunho e lemos que “todos estão debaixo do pecado”. Essa conclusão, diz o apóstolo, é confirmada pelas Escrituras do Antigo Testamento, porquanto lá está escrito; “Não há um justo, nem um sequer”.
Os versículos de 10 a 18 apresentam um quadro triste, mas verdadeiro, do ser humano: ele jaz sob o poder do pecado e longe de Deus, afastado dEle tanto no entendimento quanto em suas afeições e em sua vontade. Não existe o temor de Deus em seu coração. Sim, a solene conclusão é que toda boca deve permanecer fechada e que todo o mundo é condenável e sujeito ao julgamento de Deus.
Assim, é evidente que ninguém será justificado perante Deus pelas próprias obras – pelas obras da lei -, porque a lei serve apenas para mostrar a culpabilidade do ser humano e condená-lo por isso.
Romanos 3: 21 – 26
Em Romanos 1 afirma se que o evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, porque nele se manifesta a justiça de Deus. Em seguida, o apóstolo demonstra a necessidade que havia da manifestação dessa justiça da parte de Deus, a nosso favor, e agora no trecho que vamos considerar volta a falar dela.
Em tempos passados, Deus, pela lei, exigia a justiça da parte do ser humano, porém agora ela está no evangelho. Deus nos concede o que Ele nunca encontraria em nós. Manifestou se a justiça, provida por Deus e oferecida a todos, porém somente alcançada pelos que nEle creem.
Mas seria essa justiça oferecida a todos com a única e simples condição de terem fé em Jesus Cristo? Sim, é oferecida para todos sob essa única e simples condição, porque, quanto ao fato de sermos culpados, “não há diferença” (v.22). A culpa de todos está provada: todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, portanto Deus justifica, ou tem por justos, todos os que creem.
Sim, sem merecimento algum de nossa parte, Deus justifica gratuitamente todo crente “pela redenção que há em Cristo Jesus” (v.24).
Observe que Deus não pode negar a Si próprio, nem mesmo em um único de Seus atributos. Portanto, se Deus nos justifica, perdoando nossos pecados, devemos perguntar qual é à base de tal ato. Como a própria justiça de Deus pode ficar de pé ao mesmo tempo em que Ele justifica o ímpio?
A resposta à nossa pergunta encontra se na morte de nosso Senhor Jesus Cristo, a Quem Deus propôs como propiciatório, isto é, lugar de encontro, onde Ele, o justo Deus, pode vir ao encontro de nós, pecadores, sem nos julgar. É o lugar onde podemos nos aproximar dEle pela fé no sangue de Seu Filho.
Na morte de Jesus Cristo, o Seu sangue foi derramado como testemunha, a justiça de Deus foi plenamente satisfeita com respeito ao pecado e Ele foi de tal maneira glorificado por aquela morte que, agora, somos convidados a ir ter com Ele, a fim de experimentarmos a Sua soberana graça em nos justificar. Ao mesmo tempo, fica patenteado que Ele é justo em agir assim, visto que tudo está baseado na redenção que há em Cristo Jesus.
Que grande revelação! Deus revelado como o Deus da salvação! O Deus justo preocupa Se não em julgar, mas em justificar os condenados que têm fé em Jesus! Que descanso para nós apreciarmos essa atitude de Deus para com os homens, isto é, a atitude de um Justificador, de um Salvador, de um Doador!
Romanos 3: 27
Visto que recebemos tudo apenas pela graça de Deus, sem merecimento algum de nossa parte, onde está o motivo de nos gloriarmos? Sem duvida, tal motivo não existe, visto que não alcançamos a bênção mediante as nossas obras ou por merecimento – o que teria sido conforme à lei das obras. Alcançamos lá pela fé, isto é, segundo a Lei ou principio ou fundamento da fé, e portanto por essa mesma Lei está excluído qualquer motivo de nos vangloriarmos.
Romanos 3: 28
Nesse versículo, temos a conclusão do apóstolo a respeito da justificação do homem perante Deus, isto é, “que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei”. Que gloriosa conclusão! A linguagem da lei é “faça”, porém a linguagem da fé é “está feito”. Deus apresenta nos Jesus como objeto de fé, e o Seu sangue derramado, a Sua morte consumada como a base de toda a nossa bênção.
Romanos 3: 29 – 30
A lei foi dada por Deus exclusivamente aos judeus, por isso, se a justificação fosse alcançada pela lei, seria bênção também limitada a eles.
No entanto, Deus não é exclusivo dos judeus e, por consequência, não pode limitar a eles a bênção que provém dEle pela fé em Jesus: ela é oferecida a todos.
Romanos 3: 31
O apóstolo, em vista da conclusão de que somos justificados diante de Deus pela fé (Rm 3: 28), pergunta: “Anulamos, pois, a lei pela fé?” A resposta é clara: “De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei”.
Se um réu fosse justificado na conformidade da lei, seria isso anular a lei? Claro que não! Antes, seria respeitar a lei. Mas se o réu, tendo sofrido a pena de morte, ressuscitasse, a lei já nada teria com ele, porque a sua sentença já foi cumprida, e ele estaria fora do alcance dela.
Pois, bem, Cristo, tendo Se identificado sobre a cruz com o pecado, morreu, satisfazendo as exigências da lei, até ao ultimo ponto. Em seguida, Ele ressuscitou e assim ficou fora do alcance da lei. A maldição da lei, suportada por Cristo no Calvário por amor de nós, não pode mais cair sobre Ele, pois Ele agora está na esfera da ressurreição, fora do alcance dela. O crente, porém, pode dizer: “Sou eu um dos pecadores por quem Cristo morreu, por quem Ele suportou a maldição, e por isso nada pode a maldição ou a lei contra mim. Em Cristo, estou ressuscitado, e Deus já recebeu toda a satisfação que podia exigir a meu respeito”. Assim, ao mesmo tempo em que o homem é justificado pela fé, fica a lei estabelecida e respeitada.
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