O apostolo Paulo havia ido a Tessalonica com seu fiel companheiro Silas. Durante três dias de repouso (três sábados), havia discutido na sinagoga com os judeus, "declarando e expondo por meio das Escrituras, que era necessário que o Cristo padecesse, e ressuscitasse dos mortos: e que Jesus", a quem ele lhes anunciava, "era o Cristo" - Atos 17: 2, 3.
Um pequeno número de judeus haviam sido, persuadidos, a diferença do que sucedeu com os gregos religiosos que a palavra diz que eram muitos, é que estes, não eram judeus de origem, haviam se convertido ao judaísmo e agora vinham à fé em Cristo em grande número. E também se encontravam entre os que se uniram a Paulo e Silas, muitas mulheres nobres – Atos 17:4. Quanto a origem das mulheres, não sabemos.
Os judeus que não vieram a crer, cheios de inveja, chamaram, alguns vagabundos, homens maus e juntando uma multidão, trouxe confusão à cidade – Atos 27:5. Assim julgaram oportuno recorrer à ajuda de toda gente mau, para satisfazer sua inveja. Como foi ruim e desagradável isso, Paulo e Silas, foram obrigados a prosseguir seu caminho e chegaram a Beréia.
Assim que chegaram, procuraram uma sinagoga dos judeus. E estes eram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, pois receberam a palavra de bom grado, esquadrinhando as Escrituras para ver se de fato era assim – Atos 17:11.
Depois do que acabamos de ver, fica fácil saber por que foram qualificados de “mais nobres” – de atitude mais honrosa, estimável. Um alvoroço como acabara de ocorrer em Tessalônica estava muito longe da maneira de agir. Não temos aqui um louvor do próprio homem, um elogio da qualidade humana, senão, a apreciação do Espírito de Deus, que nos ensina isso pelas escrituras.
Os judeus de Beréia receberam a palavra com inteligência. Não se opuseram ao que Paulo dizia, muito pelo contrario, eles o escutavam. Quando lhe explicava algo “por meio da escrituras”, eles tomavam as escrituras como fundamento, e não seus próprios prejuízos ou pensamentos. Assim foram preservados da inveja, algo que foi fatal para os de Tessalônica. Ao mesmo tempo mostraram seu temor a Deus, pois para eles “as Escrituras” eram a autoridade.
Depois veio algo decisivo: Examinaram as Escrituras, para ver se o que Paulo anunciava “era de fato assim”. Seus olhos foram abrindo progressivamente, quando podiam dizer ponto a ponto, és de fato exato. E não ocorreu apenas uma vez, isto teve lugar varias vezes. E o resultado foi de acordo com a sua atitude: “assim creram muitos deles”. Foi totalmente diferente de Tessalônica, e vemos mais, “mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens creram” – Atos 27:12.
Os judeus de Beréia foram certamente impressionados pela autoridade e o profundo conhecimento que verificaram em Paulo. Porém, isso não os impediu de esquadrinharem por si próprios “se de fato as coisas eram assim”. Não disseram, simplesmente: - Este homem sabe exatamente do que esta falando, tem tal conhecimento elevado, que nós de maneira nenhuma podemos rejeitar o que fala. Não, verificaram o que ele dizia, não ficaram segundo seus mestres e sim, segundo as declarações das Escrituras.
Este relato contém um ensinamento pratico para todos os tempos, e sempre devemos recordá-lo. Somente aquilo que recebemos diretamente da Palavra de Deus, pode ser um conhecimento solido. “Quando o apostolo escreve a Timóteo: “Retém a forma (tem um modelo, versão francesa de J.N.Darby) das sãs palavras que de mim ouviste e a fé e o amor que estão em Cristo Jesus” – II Timóteo 01h13min, este modelo é o conjunto bem ordenado dos ensinos da palavra de Deus, sobre todo o Novo Testamento, e não um conjunto de tradições, por melhores que sejam. Este modelo não deve ser alterado nem deformado, se queremos “usar bem a palavra da verdade” – II Timóteo 02h15min
Sem duvida nenhuma, os ensinos dados por outros irmãos devem ser apreciados e considerados, e devemos recebê-los com a mesma atenção dos judeus de Beréia. Porém não devemos parar por ai. Devemos conferir se as coisas são de fato assim, pois somos responsáveis perante Deus naquilo que cremos e naquilo que recebemos como ensinamento de outros. Ninguém pode decidir em nosso lugar o que devemos crer e aceitar. Esta é a lição que nos dá os judeus de Beréia.
No poço de Jacó, uma mulher profundamente impressionada deixou seu cântaro. Deu testemunho aos homens de sua cidade que havia encontrado “um homem”, de quem se apressou a dizer: ‘ Não será este o Cristo?”“Então saíram da cidade e vieram a Ele” – João 4:28-30. Creram no testemunho dela. Um pouco adiante, no versículo 39 diz: “Muitos samaritanos daquela cidade, creram nEle, pela palavra daquela mulher”. Porém, logo vieram a Jesus e”muitos outros creram pelas palavras dEle” – João 4:41. Finalmente chegou o momento que disseram a mulher: “Já não cremos somente por suas palavras, e sim porque, nos mesmos temos ouvido, e sabemos que verdadeiramente este é o Salvador do mundo, o Cristo” – João 4:42.
Administraríamos mal a herança de nossos pais espirituais se considerasse que as reflexões houvessem sido unicamente um assunto deles, e como se não tivéssemos mais necessidade de pesquisar por nós mesmos se outras coisas não são ensinadas bem.
Adaptado e traduzido de E.E. Hucking